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Dezembro 2017 archive

O desafio das relações difíceis no trabalho

As relações no trabalho são um desafio, gerador de muitas aprendizagens. Saber relacionar-se é uma habilidade que, quando exercitada, nos ajuda a equilibrar os níveis de stress e também a melhorar o foco, o empenho e o bem-estar.

A maioria das pessoas já sentiu dificuldades com o chefe, subordinados, clientes e colegas e os métodos geralmente eleitos para ultrapassar estas situações são a queixa e/ou a vitimização.

Em geral, assumimos o problema como responsabilidade exclusiva do outro e esperamos que ele se modifique, deixando de lado as nossas ferramentas comportamentais, emocionais e cognitivas para nos transformar, o que permitiria minimizar ou até anular o impacto negativo destas situações.

Para nutrirmos relações positivas no trabalho é preciso que tenhamos consciência das nossas atitudes, do que nos motiva, do que nos frustra, do que ambicionamos e de como podemos contribuir de maneira mais ajustada com as nossas expectativas e as do outro. Também é fundamental usar um modo de comunicação claro, objectivo e orientado para as acções, sem fazer avaliações sobre a subjectividade/intenções da pessoa.

Ou seja, antes de buscarmos as contradições no comportamento do outro, primeiro observemo-nos e pensemos se não estamos a ser contraditórios em nosso discurso e em nossas atitudes.

Muitas vezes, quando trabalhamos em equipa, temos valores divergentes ou ainda estes valores complementam-se de maneira saturada, causando conflitos. Sem contar que todos somos humanos e temos necessidades subjectivas por vezes semelhantes: de atenção, de destaque, de reconhecimento, de liderança.

A atitude de auto-observação e observação do outro promove insights em prol do encontro de um balanço mais saudável, facilitador de uma parceria mais construtiva.

Para além disso, há sempre um plano, mesmo que inconsciente, para a nossa trajectória profissional e projectamos, com frequência, numa dada situação ou pessoa a responsabilidade por cumpri-lo ou impedi-lo. Convém estarmos conscientes daquilo que buscamos e queremos construir!

É óbvio que há situações em que este ajuste é mais complicado e que não depende somente da nossa inteligência social e emocional ou mesmo da nossa competência ou “boa vontade”. Não é destes casos que estamos a tratar aqui. Estamos a reflectir sobre situações comuns que, antes mesmo de tentarmos resolver ou dar a nossa contribuição, cruzamos os braços e assumimos que nada podemos fazer.

Será?

Coloque-se em acção:

Invista no autoconhecimento: descubra os seus potenciais e qualidades construtivas, as suas forças de carácter, as suas habilidades e também as suas fraquezas.

Você é o principal responsável pelas suas escolhas e atitudes: não espere que a mudança/iniciativa venha  do outro, faça você a sua parte.

Pergunte-se sobre o que lhe motiva, o que lhe frustra, o que ambiciona: como pode contribuir para corresponder às suas expectativas, em harmonia com o meio?

Observe-se e responda francamente para si mesmo: tem sido coerente em seu discurso e em suas atitudes?

Lembre-se: temos necessidades subjectivas por vezes semelhantes às necessidades do outro: de atenção, de destaque, de reconhecimento, de liderança… Queremos, muitas vezes, o mesmo…

Temos um plano, mesmo que inconsciente, para a nossa trajectória profissional: você sabe qual é o seu e      como se empenha para colocá-lo, de maneira construtiva, em acção?

Todas estas reflexões levam ao crescimento pessoal e profissional!

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Meditação com crianças para hora de dormir!

A meditação com crianças é uma prática que auxilia o autoconhecimento e o autocontrolo emocional. Aprender a se acalmar, relaxar e aquietar corpo e mente, através de visualizações e controle consciente da respiração, promove benefícios a nível do bem-estar físico e mental e das funções cognitivas.

Para além destes ganhos, quando os pais ou cuidadores participam desta experiência, o vínculo emocional, os sentimentos de segurança e o amor também se fortalecem.

Partilho uma meditação, para a hora de dormir, criada por mim e que pode ser adaptada à linguagem e expressão de cada família. Aproveitem e criem juntos novas meditações para o dia a dia!

É importante, no momento da prática, que estejam num local calmo, tranquilo e confortável. A criança preferencialmente deve estar na caminha dela, deitada com a barriga para cima e as mãos estendidas ao longo do corpo.

A meditação deve ser conduzida sem pressa ou distracções (desliguem ou silenciem os telemóveis!).

Meditação para a hora de dormir!

Sou feliz!

Deixa os bracinhos ao lado do corpo, com as mãozinhas viradas para cima.

Podes fechar os olhinhos, se quiseres, para  te sentires mais confortável e concentrado.

Agora, presta atenção na tua respiração… Puxa o ar pelo nariz e solta o ar pela boca.

Sente a tua barriguinha subir e descer cada vez que respiras.

Repete esta respiração 3 vezes.

Vamos então começar a imaginar…

Tu estás muito feliz! A correr num relvado lindo, cheio de flores e pássaros a cantar…

O sol está a começar a se pôr, mas os seus raios ainda são quentinhos…

O teu sorriso é alegre… Sentes-te forte, saudável e muito amado!

Perto de ti vês a tua família e aqueles a quem amas muito…

Quando olhas para o céu, vês surgir a lua, cheia, grande, e então agradeces pelo lindo dia de sol que tiveste e pela noite que está a chegar…

Dizes em silêncio só para ti: sinto-me feliz e vou adormecer aconchegado nesta sensação de calma e felicidade!

Amanhã acordarei forte e ainda mais feliz!

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O papel da gratidão no desenvolvimento pessoal

A Psicologia Positiva é uma nova área de estudo da ciência psicológica, que tem como especificidade o foco no desenvolvimento do potencial humano.

Afinal, todos nós podemos ser melhores do que somos!

Porém, ao longo da nossa história, segundo a Psicologia Positiva, adoptamos uma certa passividade no que se refere à tomada de consciência acerca das nossas reais forças e virtudes, sobre o que verdadeiramente nos faz sentir bem, nos alimenta a “alma” e nos faz crescer como pessoas, dotadas de desejos, vocações e sonhos.

Acostumamo-nos a considerar a queixa como um estado natural da condição humana, sem dar a devida atenção aos efeitos nocivos de tal mentalidade.

Habituamo-nos a esperar “sentados” que o outro mude, que o “milagre” aconteça e pouco ou quase nada nos indagamos sobre os significados implícitos/explícitos das nossas atitudes, da nossa dificuldade de pensar diferente, de fazer diferente e de nos responsabilizarmos pelas nossas decisões/omissões/adiamentos….

Além disso, temos pouca prática em perceber, reconhecer e valorizar aquilo que de bom nos acontece no quotidiano. Temos uma certa tendência a focar nas situações negativas, a lembrar delas como marcos na nossa história.

Contudo, podemos transformar este nosso olhar.

O exercício das 3 Bênçãos, que é em essência um exercício de Gratidão, é um bom ponto de partida para praticarmos esta capacidade de detectar e dar valor a tudo que de positivo nos acontece.

Como o exercício das 3 Bênçãos pode ajudar o nosso desenvolvimento pessoal?

Este exercício nos ajuda a reflectir sobre a nossa capacidade de apontar e ver no outro, isto é, fora de nós (e em nós) aquilo que consideramos importante. O objectivo é desenvolvermos e ampliarmos a nossa capacidade de foco para aquilo que de positivo nos acontece (e podemos fazer).

A proposta é tomar notas, durante uma semana, de três situações/vivências boas ocorridas diariamente. Podem ser situações muito simples, pequenos gestos espontâneos que nos fazem sentir bem ou ver algum sentido nas nossas vidas, mesmo que por alguns segundos.

Juntamente com este ampliar de consciência para o que acontece à nossa volta, este exercício oferece-nos uma oportunidade muito valiosa: é para esta oportunidade que chamo aqui a atenção e considero que este é o seu principal potencial transformador.

Ou seja, através desta simples tarefa, podemos olhar de coração aberto, sem desculpas, para tudo aquilo que escrevemos, como experiências positivas e saudáveis, e perguntar, com toda a sinceridade, se também praticamos estas atitudes.

Se quisermos fazer a diferença e crescer, precisamos começar a promover mudanças em nós, com toda a coragem, colocando em ação tudo aquilo que já sabemos, por experiência, que funciona!

Fica, então, aqui a dica: olhe para si e desenvolva-se!

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Necessidades Psicológicas Básicas

Segundo a Teoria da Auto-Determinação, há necessidades psicológicas humanas universais: as necessidades de Competência, Autonomia e Relações de Pertença.

Esta é uma teoria motivacional, que explica as razões para o comportamento humano.

Quanto mais  competentes, autónomas e vinculadas positivamente estiverem as pessoas, melhores resultados serão obtidos a nível de bem-estar, saúde, produtividade e relacionamentos.

A Competência se refere à capacidade de lidar com os desafios internos e externos, vencendo obstáculos de modo a alcançar um maior crescimento e desenvolvimento pessoal. É uma necessidade fundamental, que leva à adopção de uma postura activa no que se refere ao próprio curso de vida.

A Autonomia é uma necessidade um tanto mais complexa, na medida em que diz respeito à capacidade de agir, pensar e sentir de maneira coerente com o eu autêntico. Ou seja, não adianta fazer escolhas aparentemente voluntárias, quando na verdade elas são fomentadas pelo medo da repreensão, do julgamento, pela expectativa da recompensa, pelo desejo de aceitação ou de conformidade.

A condição verdadeiramente autónoma é aquela em que as escolhas baseiam-se em motivações intrínsecas e não extrínsecas. Ou seja, age-se e decide-se porque o objectivo é valorável por ele mesmo, é coerente com os valores internos mais profundos da pessoa e não visa nada a além da sua própria realização.

A maturidade psicológica necessariamente leva a um grau de autonomia mais independente, o qual precisa estar em sintonia genuína com o processo de individuação humano, que é único, exclusivo e intransferível.

As relações de pertença, por sua vez, são uma necessidade psicológica básica porque sem o outro não nos construímos. Precisamos dele para nos espelhar, quando somos pequeninos, e necessitamos de vínculos construtivos para nos apoiar e oferecer suporte, na medida em que crescemos e nos desenvolvemos.

Sem a confiança e o “olhar” amável do outro e vice-versa ficamos enfraquecidos e desnutridos emocionalmente. Afinal, somos seres sociais que sobrevivem quando partilham, protegem-se e ajudam-se mutuamente.

Tomar consciência do modo como estas necessidades estão ou não satisfeitas em cada um de nós é fundamental para iniciarmos um processo de transformação e descoberta pessoal.

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Frustração no trabalho: como entender este sentimento e usá-lo em prol do seu crescimento

O sentimento de frustração, independentemente do contexto, está associado ao não cumprimento das expectativas da própria pessoa em função de uma dada situação, desempenho ou relação.

No caso do trabalho, a frustração surge quando aquilo que é esperado não acontece: pode ser uma promoção, uma recolocação, um prémio, os objectivos traçados ou, ainda, a própria qualidade das relações interpessoais, com colegas e chefias.

É importante lembrar que todas as vezes em que lidamos com pessoas, estamos a lidar com expectativas, desejos e anseios e nem sempre os mesmos são coerentes ou ajustados com a realidade.

Além disso, o modo como compreendemos o nosso papel e o dos outros, no cumprimento destas expectativas, pode levar a um maior ou menor sentimento de frustração.

Quando funcionamos a partir de um locus de controle externo, delegamos ao outro a responsabilidade por cumprir os nossos anseios.

Este modo de pensar gera inevitavelmente um maior sentimento de frustração. Parte-se do pressuposto que o outro tem o dever de saber e fazer aquilo que é importante para nós, independentemente da nossa atitude para com o objectivo, que na maioria das vezes nem sequer é claro e específico para a própria pessoa que criou a expectativa.

Por outro lado, quando funcionamos a partir de um locus de controle interno sabemos que depende de nós a realização dos nossos objectivos. Ou seja, compreendemos que temos um papel importante e fundamental na definição e operacionalização dos mesmos.

Contudo, esta não é uma tarefa tão fácil quanto parece, pois depende que tenhamos consciência daquilo que queremos e do porquê o queremos, tendo em vista o efeito da realização deste objectivo em nossas vidas a curto, médio e longo prazo.

Por vezes procrastinamos devido a conflitos internos, subjectivos, que envolvem mecanismos de auto-sabotagem e um profundo medo do crescimento pessoal.

Nem sempre é fácil sustentar em voz alta para o mundo aquilo que queremos e que nos incomoda. Afinal, todas as escolhas tem consequências.

O balanço entre perdas e ganhos, vantagens e desvantagens não é um exercício apenas cognitivo, mas também profundamente emocional.

Portanto, pensemos na frustração como um alarme que está a soar estridentemente em nossos ouvidos a dizer que qualquer coisa precisa de mudar.

Tenhamos coragem de nos perguntar o que nos aflige e o que podemos fazer diferente em nossas vidas, pessoal e profissional. Estas fronteiras são apenas aparentes. Nós somos um todo em constante estado de desejar.

Usemos a nossa bagagem como trampolim para construir mudanças e não como assento para estagnarmos. Aprendamos mais sobre nós e ganhemos asas!

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Desenvolver as forças de carácter e desabrochar virtudes!

Para a Psicologia Positiva é importante conhecermos as nossas forças de carácter, pois é através da vivência e desenvolvimento delas que podemos desenvolver as nossas virtudes.

Todos nós temos potencialmente 6 grandes virtudes: 1. Sabedoria e conhecimento; 2. Coragem; 3. Humanidade; 4. Justiça; 5. Temperança; 6. Transcendência.

Cada uma destas virtudes pode ser desenvolvida com o exercício diário de algumas qualidades/forças!

1. Para desenvolver a sabedoria e o conhecimento, permita-se ser:

Criativo

Curioso

Tenha uma menta aberta

Goste de aprender, descubra coisas novas e aprimore tudo aquilo que pode fazer melhor

Experimente ver as situações através de diferentes perspectivas

2. Para exercitar a Coragem seja:

Honesto com o outro e consigo mesmo

Seja persistente com relação aos seus desejos e objetivos: trabalhe por eles

Saboreie os pequenos momentos e acredite no potencial construtivo da vida

Acredite que tem força e energia para vencer os desafios: as intempéries passam e dias melhores sempre virão

3. Para desenvolver a sua Humanidade:

Valorize aqueles que estão à sua volta e estabeleça relações de confiança

Tenha empatia, coloque-se no lugar do outro e tente perceber como ele se sente e quais são os seus motivos

Exercite a inteligência social, seja prestativo e amável: experimente sorrir ao invés de resmungar

Seja consciente dos seus próprios sentimentos e motivações

4. Para exercitar a Justiça:

Tenha atitudes de civilidade: respeite o outro e o ambiente

Lembre-se que os seus direitos e deveres também se aplicam ao outro

Colabore para uma vida comunitária mais saudável

Trate a todos com respeito e dignidade

Tenha iniciativa e faça você a sua parte, mesmo que em algumas situações nem todos estejam a colaborar

5. Para ter mais Temperança:

Relativize algumas situações e tente perdoar, lembre-se que o outro tem dificuldades e nem sempre consegue ser ou fazer aquilo que você espera

Seja modesto, lembre-se que você tem qualidades e defeitos

Seja prudente, controle a impulsividade todas as vezes que perceber que ela não será construtiva

Respire fundo e pense com calma: tudo passa

Seja otimista

6. Para alcançar a Transcendência:

Aprecie a beleza: da vida, da natureza, dos gestos…

Seja grato, há sempre algo que nos faz sentir abençoados

Tenha esperança e fé.

Depois de entrar em contacto com todas estas dimensões, o que pode melhorar em si?

Boas reflexões e que tragam crescimento!

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Psicoterapia e autoconhecimento

Sempre houve uma associação entre psicoterapia e doença mental.

Quem vai ao psicólogo no imaginário do senso comum é alguém que tem problemas emocionais, ou ainda um casal, uma família, que tem algum tipo de perturbação.

Esta falsa compreensão impediu durante muito tempo que as pessoas buscassem ajuda psicológica.

Os sentimentos de fracasso pessoal e vergonha eram uma barreira que mantinha a pessoa/casal/família em sofrimento.

O medo do estigma, daquilo que os outros podiam pensar/julgar falava mais alto, sendo preferível enfrentar os problemas sozinho(s).

Porém, a psicoterapia não trabalha apenas com o alívio da dor psíquica, mas com o autoconhecimento.

Este é um trabalho que envolve muita coragem para questionar a si mesmo, a própria história, os  afectos, o padrão habitual de reagir aos eventos e desafios da vida.

É mergulhando em nossa linha do tempo que podemos encontrar os nossos pontos frágeis e os mais fortes (e isso se aplica aos casais e às famílias também), redescobrindo potenciais muitas vezes adormecidos e desenvolvendo qualidades que antes imaginávamos, em função do medo de fazê-las desabrochar, impossíveis de serem vividas.

Faço um alerta para aqueles que assim se pensam: a nossa biografia nunca será simples e predestinada, pois o nosso mundo mental é  rico de percepções, afetos e significados únicos, capazes de dar um novo rumo à nossa história sempre que assim o desejarmos.

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